EUR/USD: BCE e Trump empurram o par em direção a 1.0000
● Na quinta-feira, 17 de outubro, o Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) decidiu, pela terceira vez este ano, reduzir as suas três principais taxas de juro, desta vez em 25 pontos base. Como resultado, a taxa de depósito agora está em 3,25%, a taxa de operações principais de refinanciamento em 3,4% e a taxa da facilidade de crédito marginal em 3,65%. Essas mudanças entrarão em vigor a partir de 23 de outubro de 2024. Vale lembrar que, na reunião anterior em setembro, o regulador também reduziu as taxas principais em 25 pontos base.
O BCE justificou sua decisão com base na revisão das previsões de inflação, nas tendências da inflação subjacente e na eficácia da transmissão da política monetária. Segundo o Eurostat, a inflação na Zona Euro caiu para 1,7% em setembro, o nível mais baixo desde abril de 2021. Espera-se que a inflação suba ligeiramente nos próximos meses. Portanto, conforme declarado pela liderança do BCE, o regulador pretende manter as taxas em níveis restritivos durante o tempo necessário para atingir de forma sustentável a meta de 2,0%. Isso é esperado para acontecer até o final de 2025.
● Os resultados da atual reunião do Conselho de Governadores não foram uma surpresa, pois a decisão de reduzir os custos de empréstimos estava completamente alinhada com as expectativas do mercado. O par EUR/USD reagiu com uma leve queda momentânea para 1,0810, mas não há dúvida de que os "ursos" do euro tentarão empurrá-lo ainda mais para baixo.
Especialistas preveem que o BCE continuará a reduzir as taxas em cada reunião até março de 2025, após o que o ritmo de flexibilização pode desacelerar. Sem dúvida, a dinâmica do EUR/USD também será influenciada pelo ritmo da flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve dos EUA. No momento, a taxa de juro de referência do dólar está em 5,0%, dando à moeda dos EUA uma vantagem significativa sobre o euro, que está em 3,4%.
● A probabilidade de o dólar atingir a paridade com o euro está aumentando em meio às preocupações com uma possível guerra comercial global, caso Donald Trump vença as eleições presidenciais dos EUA. Segundo a Bloomberg, Trump indicou que as medidas tarifárias dos Estados Unidos podem ser direcionadas contra a Europa, a China e outros países. Em resposta a isso, a presidente do BCE, Christine Lagarde, alertou que quaisquer barreiras podem criar um "risco de agravamento" para a já frágil economia do bloco.
Combinado com o corte na taxa de juros na quinta-feira, 17 de outubro, isso provocou uma queda adicional no euro, que está terminando sua terceira semana consecutiva de perdas em relação ao dólar americano. Além disso, esta semana viu a maior queda semanal do euro em relação à libra esterlina neste ano.
● Estrategistas de câmbio do Pictet Wealth Management acreditam que "a paridade EUR/USD é definitivamente possível se Trump vencer e impor tarifas em grande escala". Analistas do J.P. Morgan Private Bank e do ING Groep NV também não descartam o risco de que a moeda comum europeia possa atingir o nível de 1.0000 até o final do ano. Esse sentimento é reforçado por dados dos mercados de opções, onde os participantes estão apostando cada vez mais contra o euro.
No momento da redação desta análise (18 de outubro, 12:00 CET), o par EUR/USD está sendo negociado na faixa de 1.0845. O indicador de reversão de risco de um mês para o par atingiu seu nível mais negativo nos últimos três meses, refletindo a disposição dos traders de apostar em uma maior fraqueza do euro.
● A próxima semana, quinta-feira, 24 de outubro, promete ser bastante movimentada. Um fluxo de dados sobre a atividade empresarial é esperado para este dia. Serão divulgados os valores do índice PMI para vários setores das economias da Alemanha, da Zona Euro e dos Estados Unidos. Além disso, como de costume às quintas-feiras, o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos também será anunciado.
GBP/USD: Vitória sobre a inflação – Derrota para a libra
● O relatório divulgado uma semana antes pelo Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unido mostrou que o PIB do país cresceu 0,2% (m/m) em agosto. Assim, a economia do Reino Unido voltou a crescer após dois meses de estagnação. No entanto, ao analisar a dinâmica anual, fica evidente sua desaceleração na segunda metade do ano atual.
Na quarta-feira, 16 de outubro, foi publicada mais uma leva de dados macroeconômicos, que mostrou que a inflação no Reino Unido caiu para o nível mais baixo em mais de três anos. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) em termos mensais permaneceu em 0,0%, abaixo tanto do valor anterior de 0,3% quanto das expectativas do mercado de 0,1%. Em termos anuais, com uma previsão de 1,9%, os preços ao consumidor subiram 1,7% em setembro, significativamente abaixo dos 2,2% anteriores. Especialistas observam que a queda ocorreu principalmente devido à redução dos preços das passagens aéreas e da gasolina.
● Assim, pela primeira vez desde 2021, a inflação ficou abaixo da meta de 2,0% do Banco da Inglaterra (BoE), o que fortaleceu as expectativas do mercado quanto a um corte na taxa de juros da libra na próxima reunião do regulador. Agora, espera-se que em 7 de novembro os custos de empréstimos sejam reduzidos em mais 25 pontos base, de 5,0% para 4,75%.
Vale lembrar que em agosto o regulador já havia reduzido a taxa em 25 pontos base, marcando a primeira flexibilização de sua política monetária desde o início da pandemia de COVID-19 em março de 2020. Naquele momento, a taxa estava em 0,1% e permaneceu nesse nível até novembro de 2021, após o que o Banco da Inglaterra começou a aumentá-la para combater a inflação. Em agosto do ano passado, a taxa de juros atingiu seu pico de 5,25%.
Esse aperto da política monetária teve um efeito positivo: a inflação caiu de 11,1% em novembro de 2022 para os atuais 1,7%. Esse sucesso permite que o BoE continue no caminho da flexibilização da política monetária, mudando seu foco para o apoio ao crescimento econômico, mas ao mesmo tempo empurra o par GBP/USD para baixo. À luz dos eventos recentes, a moeda britânica despencou para mínimas de 2 meses, atingindo um fundo local de 1,2973 em 17 de outubro.
● Entre os principais eventos e publicações relacionados à situação da economia do Reino Unido na próxima semana, destacam-se os discursos do governador do Banco da Inglaterra, Andrew Bailey, nos dias 22 e 23 de outubro. Na quinta-feira, 24 de outubro, serão divulgados os dados de atividade empresarial (PMI), além da tradicional audiência sobre o Relatório de Inflação no Reino Unido. A semana será concluída com mais um discurso do Sr. Bailey, agendado para sábado, 26 de outubro.
CRIPTOMOEDAS: Quatro razões para a alta do Bitcoin
● A exchange de criptomoedas CoinEx publicou um relatório sobre o mercado de criptomoedas em setembro de 2024. Segundo os analistas da exchange, o principal evento – e com o qual é difícil discordar – foi o corte da taxa de juros do Federal Reserve em 50 pontos base. Essa medida agradou os investidores e desencadeou uma nova onda de apetite por risco. Índices de ações como o S&P 500 atingiram novos máximos, seguidos pela alta das criptomoedas. O Banco Central Europeu (BCE) e o Banco da Inglaterra (BoE) também contribuíram para esse processo ao seguir um caminho de flexibilização da política monetária (QE). O rali de alta da principal criptomoeda começou em 7 de setembro no nível de $52.554. Após a decisão do Federal Reserve em 18 de setembro, o Bitcoin subiu para $66.517 e terminou o mês em $62.396.
● Na segunda-feira, 14 de outubro, o preço do Bitcoin subiu acima de $65.000. Em seguida, em 16 de outubro, foi registrado um máximo local em $68.437, nível que a principal criptomoeda não alcançava desde 29 de julho. Como mencionado anteriormente, a dinâmica positiva foi influenciada pela alta dos índices de ações dos EUA. Outro fator impulsionador foram as expectativas de ampliação das medidas de estímulo pelas autoridades chinesas para apoiar a economia nacional.
Analistas apontam mais duas razões que impulsionaram o Bitcoin para cima. A primeira foi a notícia de que os administradores da falida exchange de criptomoedas Mt.Gox adiaram em um ano os planos de devolução dos Bitcoins roubados aos credores. De acordo com alguns relatos, a Mt.Gox mantinha cerca de $10 bilhões em Bitcoins. Os pagamentos aos credores começaram em julho deste ano, com previsão de conclusão nos próximos meses. A liberação de tal quantidade de moedas no mercado poderia ter deprimido significativamente os preços do Bitcoin. No entanto, agora foi revelado que a distribuição dos tokens será concluída apenas no final de outubro de 2025, evitando assim uma possível queda de preços por esse motivo.
● E, finalmente, a quarta razão. Foi o discurso feito na segunda-feira, 14 de outubro, pela candidata à presidência dos EUA Kamala Harris, no qual ela prometeu apoiar um arcabouço regulatório para criptomoedas. Os detalhes de seu plano ainda são desconhecidos, e é possível que isso seja apenas retórica eleitoral. No entanto, essa promessa gerou alguma esperança de que Harris possa não continuar com a política rígida de Biden em relação à indústria digital. Segundo relatos da mídia, se eleita presidente, ela pretende estimular os investidores negros em criptomoedas por meio do "Programa de Oportunidades para Pessoas Negras". Espera-se que isso afete mais de 20% dos negros americanos que atualmente possuem criptomoedas.
● Analistas observam que movimentos de preços semelhantes do Bitcoin foram observados antes das eleições presidenciais dos EUA em 2016 e 2020. Em 2016, o BTC foi negociado dentro de uma faixa muito estreita por mais de 3 meses. No entanto, três semanas antes da eleição, começou a subir, dobrando de valor até o início de 2017.
Um padrão semelhante foi observado em 2020 – primeiro um movimento lateral por seis meses, seguido por um rali de alta começando três semanas antes da votação. Como resultado, após começar em $11.000, a criptomoeda líder quase triplicou de valor, atingindo $42.000 no início de janeiro. Se algo semelhante acontecer desta vez, é possível que o Bitcoin entre no Ano Novo de 2025 na faixa de $120.000–180.000.
● O trader e analista conhecido pelo pseudônimo Stockmoney Lizards acredita que, antes da próxima alta, o BTC provavelmente verá uma correção para a faixa de $63.000–63.600. "O Bitcoin está entrando na zona de medo de perder uma oportunidade [FOMO]... – escreve Stockmoney Lizards. – Em algum momento, começará uma correção temporária, e as posições dos traders pegos pelo FOMO serão liquidadas antes que o movimento ascendente seja retomado". Colegas de Stockmoney Lizards também observam que, apesar da recente alta do Bitcoin, o preço ainda não conseguiu se consolidar acima do limite superior do canal descendente que começou em 14 de março. Atualmente, esse limite está no nível de $68.050. Enquanto isso, a equipe de pesquisa da CoinEx identifica $70.000 como o nível crítico.
● Analistas da CryptoQuant acreditam que o medo de outra queda (FOMO) entre os pequenos investidores de varejo está beneficiando os grandes players, que não se preocupam com as flutuações de curto prazo no preço da principal criptomoeda. "O acúmulo de Bitcoins por baleias na faixa de preços de $54.000 a $68.000 é um indicador significativo. Novas baleias estão entrando no jogo e acumulando ativamente, enquanto as antigas aumentam suas posições. No geral, todas as baleias estão acumulando nessa faixa de preço. Seus saldos crescentes sugerem um crescimento potencial no horizonte, seja no médio ou no longo prazo", afirma o relatório da CryptoQuant. "O Bitcoin está sendo negociado em uma faixa estreita há sete meses", acrescentam os especialistas, "e quanto mais tempo esse período durar, mais poderoso pode ser o rali da primeira criptomoeda e da capitalização total do mercado cripto".
● No momento da redação deste relatório (18 de outubro, 12:00 CET), o par BTC/USD está sendo negociado na faixa de $67.800. A capitalização total do mercado de criptomoedas aumentou e está em $2,33 trilhões (em comparação com $2,20 trilhões na semana passada). O Índice de Medo e Ganância do Bitcoin (Crypto Fear & Greed Index) saltou de 32 para 73 pontos, ignorando a zona neutra e movendo-se diretamente da zona de medo para a zona de ganância.
● E, para concluir a análise, aqui estão alguns números agradáveis para os entusiastas do Bitcoin. Há um físico e analista financeiro chamado Giovanni Santostasi (seu sobrenome lembra um pouco o nome do criador do Bitcoin, Satoshi). Em 2018, esse cientista aplicou a Lei da Potência (Power Law) para calcular as cotações da principal criptomoeda. Explicamos: a Lei da Potência é a relação entre duas quantidades, na qual a mudança de uma causa uma mudança proporcional na outra. No processo de formação do preço do Bitcoin, Santostasi aplicou a Lei da Potência para determinar a relação entre o preço e o tempo.
Não vamos sobrecarregar o leitor com fórmulas. Diremos apenas que, de acordo com os cálculos realizados, no início de 2030 o valor do BTC deve variar entre $174.500 e $1,49 milhão. Dez anos depois, no início de 2040, o preço do Bitcoin pode chegar a $10 milhões e não deve cair abaixo de $1,6 milhão. No entanto, é necessário notar que o próprio Giovanni Santostasi, ao comentar os cálculos, adverte que, dentro de 16 anos, a conjuntura pode mudar drasticamente e, portanto, os números reais podem diferir muito dos mencionados acima.
Equipe Analítica da NordFX
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